Estrela estava lá, sentada na esquina do nº 17, última quadra de frente à praia e nem se importava com a mínima compostura. Ela palpitava desânimo, seus olhos semi-abertos a apagava junto a sua palidez. Era de se estranhar uma garota sozinha às duas da madrugada em uma calçada. Nada fazia movimentar suas pálpebras, dirá os joelhos! Abraçando-os em num movimento de acalanto, era só, em um cenário sem importância.
Na rua passeava folhas de outono... ela se misturava. O cachorro velho que as vezes mudava de posição sobre o jornal em que descansava sequer notou sua insignificância.
No auge dos seus 15 anos já não havia motivo para viver, nada que enobrecera seus leves cabelos ruivos, e suas sardas avermelhadas.
Estrela, naquela noite não brilhava.
Em transe por mais de três horas e meia decidiu levantar-se e bem devagar caminhar. Solitária alcançava a sua mais perfeita descoberta do nascer do sol. O espetáculo de luzes e a fervura do amanhecer perdurava em um único momento empírico de sua vida desgostosa.
Estrela decidiu ser do mar...
E numa leveza estupenda conheceu o que tinha de mais profundo no mundo. Que naquele momento era só dela... Abraçou as águas, foi levada para longe... Virou a mais bela estrela do mar. E ser do infinito foi a chave do seu rumar.
~* Tai Gomes * ~